Sunday, December 28, 2008

nômades

hoje eu me encuquei. estava no trabalho, fazendo as mesmas coisas de sempre, quando um dos mexicanos que trabalham comigo disse que partiria daqui por conta do baixo salário que está recebendo. de fato, a crise chegou até nas cidadezinhas do interior, onde fazer hora extra era hábito, se tornou praticamente um crime. outro que me surpreendeu foi um americano nativo. o cara tá tão preocupado com a crise que passou o dia inteiro pensando no que fazer caso perca o emprego.

a crise que para mim estava tão distante, tá do meu lado! e eu pensando em gastar mais dinheiro ainda, haha, doce ilusão.

enfim, não era disso que eu vinha falar. este mesmo mexicano, que falou em partir, fez parte de uma outra conversa muito estranha. me disse que não sabia mais se era casado. deixou a mulher e dois filhos no méxico há 6 anos atrás e nunca mais voltou. manda dinheiro para eles todo mês, mas nào sabe como realmente estão. ao mesmo tempo um ato de bravura, de tristeza e solidão. bravo por ter a coragem de deixar tudo para trás para lutar pela qualidade de vida da sua família. triste por ter de viver só e não poder voltar.

quando ele me falou em partir, de imediato perguntei se seria para o méxico, para reencontrar sua família. de pronto me disse que não, que iria para atlanta ou michigan. céus, é assim tão fácil ficar longe da própria família? não tive coragem de perguntar, mexicanos são meio brutos quando irritados, e eu não quis correr o risco. eu não acho fácil. apesar de todas as maravilhas que ando vivendo, sinto muita falta de casa. do meu cotidiano, do mundinho que eu construí e vivi.

sinceramente, morro de medo de sair numa dessas aventuras de passar alguns meses fora e achar que a vida por aqui é melhor. que fique bem claro que isso aqui é turismo, e que o mundo real me espera lá em casa!

1 comment:

Victor "freud" Lobo said...

Porra, fiz um post-comentário e, na hora de enviar, baixou a tela azul da morte. Agora é questão de honra, se prepara que lá vem texto.

Nem todo mundo tem os mesmos apegos, não é? Eu até entendo, mas não compreendo (sei lá se é vice-versa, mas compreende a expressão?).

Creio que essa idéia de abandonar tudo, ir embora do país de origem e ficar rico no estrangeiro é coisa da geração dos nossos avôs, com sorte. Talvez, era sim nessa época que era possível até fazer uma pequena fortuna abrindo uma lojinha em um país crescente, uma exportadora ou um restaurante de comida típica, sei lá. Mas isso é balela com a globalização de hoje.

Acredito que o que enriquece hoje é ter uma idéia original e fazer o que poucos fazem. Pensando assim, a geração que enriqueceu de verdade no estrangeiro era mais original porque não era tão comum assim essa coisa de emigrar. Agora, ir para outro país não é bem uma idéia original.

De qualquer forma, é preciso coragem mesmo. Mas pensando forma positiva, quem tem mais medo de abandonar tudo para tentar a vida nos gringos pode significar que tem mais a perder.

Gostei do tema. Daria uma boa conversa de bar, não acha?

Abração, marcão! Garra aí! Se bem que pra tu é mais fácil. Tu já tens uma boa noção do mundo e é bem dirigido. Assim, uma viagem assim só enriquece: amplia os horizontes e dá firmeza às convicções!

Feliz ano-novo, chapa!