A Capela 5

Eu me prometi que escreveria esse texto há algumas semanas. Toda vez que tentava pensar no assunto e começar a escrever, me sentia um pouco mal. Na verdade, eu me sinto um pouco estranho agora.

O último mês serviu para abrir meus olhos. Muita coisa acontece na vida e simplismente passa por nós. Muita coisa muito importante acontece na vida e simplismente passa por nós. E eu, por conta da correria da vida, da rotina que insiste em tentar me engolir e dos problemas que não conseguem parar de surgir, acabei não vendo essas muitas coisas. Precisaram me dar um soco na cara, daqueles muito bem dados, para me acordarem.

Acordei. Vi que simplismente deixar tudo para trás é egoísmo até demais. Vi que posso ir, mas tenho que voltar. Não é uma obrigação. Se quiser, vou e fico. Mas não me perdoaria nunca. Tenho hoje a promessa de não deixar minha família de lado. Não deixar as pessoas que amo de lado. Aprendi da pior forma que isso não pode acontecer. Tenho a sorte de ter a família que tenho. Não vou deixar isso tudo passar.

Intercâmbio Cultural

Eu não sou melhor do que ninguém. Não me acho acima de qualquer tipo de pessoa nesse mundo. Acho que tudo o que todos me falam é válido. Quase todos, na verdade. É claro que existem alguns seres estranhos e doentes que fazem alguns comentários totalmente desnecessários, mas ainda assim, não fecho os ouvidos à eles. Pode sair algo que preste no meio de tanta futilidade.

Esses dias, em que ando dando alguns conselhos para amigos, vejo que não é por excesso de experiências de vida ou de maturidade. Não é por ser mais velho ou ser mais novo. O que acontece nessas situações é bem além disso. Cada um é diferente. Nem melhor, nem pior. Diferente. De não ser igual, sabe? Cada um teve uma vida, teve seus amigos, teve sua família e criou uma identidade própria com uma mistura de influências e percepções próprias sobre determinados assuntos.

Tentando transformar essa idéia em uma imagem, teríamos a pessoa, como uma viga de concreto, sustentada por suas experiências e aprendizados, como as pilastras que sustentam essa viga. A posição da minha viga de concreto é diferente da sua. Você teve experiências e aprendizados diferentes, nem melhores, nem piores. Em determinados momentos, uma de minhas colunas pode ajudar você a sustentar a viga de concreto, que ficou mais pesada por conta de algum problema que surgiu. As experiências pelas quais passei podem te mostrar um caminho novo.

E é bem isso. Falando de vigas e pilastras, experiências e aprendizados, que a gente vê que cada um teve uma vida diferente. Não existem pessoas melhores ou piores, existem aquelas que já passaram por determinada situação e outras que passaram por outra situação diferente. Você não é melhor por dar conselhos. Muito menos pior ao recebê-los. Isso é só intercâmbio cultural.

Luz no fim do túnel.

Resolvi apagar algumas partes do passado que aqui se faziam presentes. A idéia não é mais desabafar sentimentos de forma expressiva e direta. É escrever. Falar de coisas que eu não quero imaginar e acreditar que tudo o que passou, se não foi nada, já é muito pra você lembrar.

Remoer sentimentos é uma coisa triste e divertida. Mas acho que o novo passo, talvez maior que as pernas, me leve à algum lugar diferente. Não quero escrever sobre dores e sim sobre curiosidades. É o que me mantém vivo, é o que me faz querer viajar, escrever, compôr, falar, respirar, viver.

Claro que tudo o que for escrito terá envolvimento, sentimento, dúvidas, dores, questionamentos, sorrisos e alegrias. Mas terão idéias envolvidas e desenvolvidas de forma a me fazer entender algumas de minhas dúvidas. Só cansei de desabafar em textos. Desabafo em músicas, conversas, amigos. Não em um computador, coisa de nerd!

Hãn!?

Dia desses me peguei resmungando.. como é chato não conhecer gente nova. Viver a mesma coisa o tempo todo. Daí eu me pergunto, e se eu só conhecesse gente nova o tempo todo? Se não tivesse tempo de reconhecer e redescobrir cada um ao meu redor?

Questionar as próprias idéias é engraçado. Deixa aquela sensação de raiva de você mesmo, ou de cara, eu sou muito burro! Isso faz parte de um certo auto conhecimento. Se conhecer é legal. Mas leva tempo e maturidade. Tem gente que nunca se conheceu. Tem gente que se conhece tanto, que acaba por se privar de certas coisas. Eu me conheço pela metade, se você quer saber. Não sei de tudo que gosto. Se soubesse, não experimentaria mais nada, e isso seria um erro. Mas sei de muita coisa que não gosto. O que me faz saber o que querer da vida, por exemplo. Tem gente que não gosta por que não gosta. Tem gente que só de olhar desgosta. Tem gente que ouve o nome e faz cara feia. Eu não. Eu provo, experimento, levo tapa na cara, tento de novo e aí sim decido.

Sentar de noite sozinho e ficar olhando pra lua dá nisso. Principalmente quando se faz isso de madrugada. O legal foi dormir, refletir e só sentar pra escrever isso agora. Ontem eu era só um monte de idéias engraçadas e questionadoras. Hoje, depois de pensar um pouquinho, sou um ponto de vista, opinião formada.

Não custa nada dedicar um pouco de tempo a si mesmo. Não dói e, por incrível que pareça, faz relaxar. Mas, ó, não fuja do novo. Experimente. Ele pode te lembrar do passado ou, quem sabe, te levar à novos lugares. Vale a pena conferir.